sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Delmar (1998) - Los Natas

Delmar é o primeiro disco deste trio de Buenos Aires, que actualmente tem no seu reportório 6 álbuns de originais, algumas tournés pela América e Europa (infelizmente nunca houve uma passagem por Portugal), e mantém um reconhecimento mundial considerável para uma banda argentina (que canta em castelhano), mas que pode ser justificado por um estilo sempre à margem dos padrões normais da música (mesmo tratando-se de música psicadélica), e por manter associada a etiqueta stoner, que lhes valeu tocar para bandas do género como QOTSA, Nebula, Unida e outras...
Depois de Delmar, a banda foi seguindo um estilo progressivamente diferente, fazendo deste um álbum 'negro' em vários sentidos...apesar de ser um álbum quase 'esquecido' de Los Natas (a banda não tem tocado nenhuma faixa de Delmar nos seus regulares concertos), Delmar é um álbum com excelentes ideias, mas que à primeira audição pode soar algo monótono, muito ruidoso, exagerado nos sons graves, e muito, muito, mas muito depressivo ambientalmente...ora esta primeira impressão é muito devida à pobre produção do álbum, o que não admira no primeiro álbum duma banda que estava a dar os primeiros passos...
Delmar começa com Samurai, uma canção que melhor demonstra a ideia de todo o álbum, o baixo cria a melodia através de riffs muito bons e lentos, e juntamente com arranjos de guitarras eléctricas sobrepostas muito inspiradas, que variam para uma guitarra exageradamente distorcida com riffs lentos a roçar o doom (alguns riffs à la Kyuss também), criam ambientes psicadélicos lindíssimos...o guitarrista e vocalista Sergio Chatsourian numa entrevista admitiu que as músicas dos inícios de Los Natas eram criadas em longas jams motivadas pelo uso massivo de várias drogas...pelos ambientes de Delmar percebe-se bem...aliás o objectivo é mesmo esse, em Delmar os instrumentos confundem-se para criar esse ambiente negro e psicadélico; até mesmo os vocais são muito simples e raros, versos que Sergio vai soltando (neste registo, quase sempre em inglês), repetindo-os de acordo com a intensidade da música como se comprova em Samurai, bela canção...apesar das canções não serem muito grandes, e dos belíssimos riffs de baixo (Samurai, Delmar...) com os arranjos delicados das guitarras (Trilogia, Soma...) marcarem o álbum, 1980, I Love You e El Negro diferenciam-se pelo peso bruto e bastante distorcido tipicamente stoner...o álbum termina com a melhor faixa, Alberto Migre...apesar de ser um paradoxo em todo o álbum, eu arrisco dizer tratar-se duma obra-prima dos Los Natas, e que já fez emocionar-me numa audição atenta...esta canção não tem ponta de distorção, e não podemos associar-lhe a algum psicadelismo, ela começa com um som do mar, seguido dum baixo melódicamente delicado, que passado poucos momentos deixa entrar uma guitarra eléctrica que ao contrário das outras canções segue uma estrutura bem definida com riffs lindíssimos e melódicos que nos fazem associar todas as nossas lamentações...não é a 'balada' do álbum, mas sim a típica 'última faixa' que se diferencia, neste caso uma líndissima música que acaba por confirmar toda o ambiente criado por Delmar...
Não é por acaso que Delmar foi considerado um dos 10 álbuns essencias do género pelo stonerrock.com, numa audição atenta, o álbum é musicalmente belo e obscuro, e no fim veremos que não é tão igual como parece...mas tratando-se de psicadelismo, penso que Delmar não é aconselhável como música 'de fundo'...

1. Samurai
2. 1980
3. Trilogia
4. I Love You
5. Soma
6. Mux Cortoi
7. Delmar
8. Windblows
9. El Negro
10. Alberto Migre

Trilogia (com excerto do filme 'Duel' de Steven Spielberg)


site oficial da banda:
http://www.natasrock.com/

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